Stranger Things e a primeira vez que não leva nada

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Duas das premiações mais importantes (Critics Choice Awards e Golden Globes) divulgaram nos últimos dias suas listas de indicados a premiação de 2020, Stranger Things pela primeira vez não apareceu em indicações individuais, tampouco como principal série da drama, seu pior desempenho isolado desde que começou. O mais irônico disso é que seus fãs mais jovens consideram a terceira temporada a melhor da série, mas será que foi mesmo?

A grande verdade é que desde o primeiro episódio da temporada ficou claro que o objetivo era saciar a vontade do público mais jovem em promover mais cenas teen e com o romance de Eleven e Mike, além disso Dustin ganhou uma temporada toda meio que “isolado” do público principal numa clara aposta dos roteiristas na dupla Dustin e Steve, que até conseguiu render bons frutos com cenas engraçadas. A série porém perdeu um elemento importante e que uniu fãs de diferentes idades e a crítica: a união do grupo de crianças em meio a um ambiente dos anos 80 e 90.

Ao separar Dustin do grupo original e de diminuir os momentos de união do grupo a problemas de casais, a série perdeu completamente a pegada apresentada na primeira e segunda temporada, essa “separação” inclusive foi percebida também na segunda, porém com menor peso em relação a terceira temporada.

A falta de evolução de personagens importantes também incomoda, após uma segunda temporada tão intensa foi um pouco frustrante ver Will se resumir a mãos na nuca e uma breve briga por não “amadurecer” junto do grupo. Muito pouco para um personagem que precisava de mais espaço. Espaço esse que foi destinado às brigas de casais, que sinceramente não são novidade nenhuma para o público adulto.

O roteiro fez questão de ser “leve” o tempo todo, mesmo em momentos que a história cobrava seriedade e tensão, em alguns momentos o artifício é válido, mas se usado o tempo todo nos faz perder a imersão e o medo de algo realmente grave acontecer em determinada cena. Essa pegada aliás é de um contraponto enorme em relação a segunda temporada, tensa durante boa parte de sua história.

A quarta temporada de Stranger Things precisa ser repensada para buscar ambos os públicos, desde os jovens até os mais velhos, mas será tão simples fazer isso? As crianças não são crianças mais e a série precisará buscar outros elementos que os usados na primeira temporada para agradar a todos, um pouco de segunda temporada e um pouco de terceira, o equilíbrio entre a “zoeira” e a tensão, talvez assim a série volte a conquistar e emplacar o público de maneira geral e a crítica consequentemente.