The Witcher traz interessante adaptação dos livros e jogos para a telinha

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Se a HBO teve Game of Thrones e a Amazon está investindo pesado na série de Senhor dos Anéis, a Netflix apostou suas fichas em The Witcher, sua primeira série medieval de realismo fantástico, baseada na série de livros e jogos e que traz Henry Cavill no papel do protagonista Geralt de Rivia, um Bruxo com sangue mutante que vaga pelo universo fantástico combatendo e entendendo monstros, bestas e humanos mal intencionados. 

 Tido pela crítica especializada como melhor que Game of Thornes, em uma primeira vista a série em nada lembra a saga de Westeros, e possui uma identidade muito própria, tanto narrativa quanto estética, sendo mais intimista e minimalista do que os outros dramas medievais. Focada no universo mágico, como não poderia ser diferente, The Witcher traz diversas referências mitológicas, mas de uma forma que lembra muito mais séries como Grimm ou Supernatural do que a Guerra dos Tronos, o que não deixa de ser interessante por trazer uma abordagem bem europeia da fauna mística, bem como uma quebra de bem e mal que acompanha a série de Tolkien. Há a natureza, com suas características próprias que determinam as ações, por mais sangrentas que sejam, e há a perversão da natureza por propósitos escusos, geralmente feitas pelos humanos, o que deixa o mutante Geralt dividido em suas buscas. 

Aliás, busca é um termo interessante para ser associado a Witcher, pois evoca as missões dos jogos de RPG, uma forte influência dos livros e dos jogos, que acaba emprestando parte de sua cadência narrativa, a ponto de jogadores conseguirem enxergar momentos tutoriais e chefes de fase em determinados momentos da série. Elaborada de trás para frente, a primeira temporada encontra seu início justamente ao seu término, e se vale de uma linha temporal não muito clara para rechear os acontecimentos e inteirar o público das motivações de cada personagem chave. 

Cavill atua de modo convincente e único, dono de uma força imensa mas com a espada dosada o suficiente para saber quanto atacar e quando questionar, em um mundo que nada é como aparenta. Para contrastar seu Bruxo sisudo que passa a maior parte do tempo grunhindo, diferente de seus outros personagens, a série traz a companhia de um bardo, cujas canções horríveis dão a trilha do final de cada episódio, sendo que a canção tema gruda como chiclete no ouvido dos espectadores desavisados (Toss a coin to your Witcher/O’ Valley of Plenty)  e que acaba fazendo parte do tom onírico medieval do seriado. 

Uma série interessante sem ser surpreendente, The Witcher consegue prender a atenção sem forçar muitos elementos, encontrando o equilíbrio entre o material de origem e a demanda pontual de um seriado de rápidos oito episódios em seu debut, ainda que tenha sido confirmada a continuação. Com poucas e boas tramas que se cruzam ao final do primeiro ano, o seriado deixa uma grande expectativa para seu segundo ato, conseguindo entreter e gerar curiosidade suficiente para que busquem respostas nos livros durante a espera até o próximo ano.