Globo de Ouro segue Oscar em politização e recado à streamings

PUBLICIDADE

Se o Oscar perdeu muito da credibilidade em 1999, com o Escândalo da Miramax, no qual chegou ao conhecimento público o lobby massivo da produtora cinematográfica para influenciar na escolha das principais premiações, laureando obras de menor expressão como Shakespere apaixonado, tudo indica que o Globo de Ouro vai seguir um caminho parecido, privilegiando o lobby do cinema à maciça entrada do streaming na competição, visto que grandes obras foram totalmente deixadas de fora dos prêmios, sem qualquer sentido: 

Melhor filme ficou com 1917, mais um drama de guerra, ao invés de histórias reais como Dois Papas ou História de um Casamento, ou mesmo o excelente Irlandês. O que esses concorrentes tem em comum? Todos são da Netflix. 

Melhor ator ficou com Joaquim Phoenix, por Coringa. Merecido, ainda que concorresse contra excelentes atores. 

Melhor filme musical ou comédia: Era uma Vez em Hollywood. Não é musical, nem é comédia. Mal é um filme. Sentido nenhum a não ser incensar um diretor sem inspiração. 

Melhor ator em filme musical ou comédia: Taron Egerton levou merecidamente por seu envolvente Rocketman (que aliás deveria ter levado melhor filme musical). 

Melhor ator coadjuvante em filmes: Brad Pitt, uma vez mais inexplicável, especialmente tendo em vista as marcantes atuações dos concorrentes contra a apagada atuação do antigo grande astro. 

Melhor animação foi para Link Perdido, mostrando que realmente a Disney/Pixar está sem rumo. 

Melhor roteiro para filme: a piada da vez, Once Upon a Time in Hollywood. Absolutamente ridículo premiar o roteiro que parece um devaneio sob efeito de drogas recreativas sobre um fato real, especialmente diante do roteiro fantástico de Dois Papas e do Irlandês.  

Melhor ator para série de TV: Stelan Skaarsgard, merecidamente por uma incrível atuação em Chernobyl, que também levou melhor mini-série para TV. Ao lado de Joaquim Phoenix e e Taron Egerton, os únicos prêmios que fizeram algum sentido. 

Em resumo, especialmente diante dos comentários de Rick Gervais sobre a não politização do evento, o que faz todo sentido e que foi totalmente ignorado, mostra que o Globo de Ouro, até então um evento que conseguia ter um mínimo de coerência cinematográfica e artística, resolveu trilhar os mesmos rumos de lobby do Oscar e premiar o velho e datado, ao invés de acompanhar as mudanças que já alteraram a forma do mundo de consumir o produto criado pelos irmãos Lumiere. E assim, mais um prêmio para perder força e representatividade.