Sex Education volta mais corajosa e ousada em sua segunda temporada

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Impossível falar sobre o cotidiano adolescente e não falar sobre os hormônios em ebulição característicos da idade. Mas não bastasse a discussão óbvia, geralmente evitada pela grande maioria das obras, a liberdade que as plataformas de streaming concedem aos autores está rompendo barreiras e provocando momentos disruptivos como aqueles vistos na segunda temporada de Sex Education, que debate as práticas, as liberdades e até a ignorância em relação à tabus. 

Olhando para o passado, as séries ousavam ao propor a existência de relação entre casais adolescentes apaixonados, como Anos Incríveis. Décadas depois, séries como Dawsons Creek tratavam já das questões das drogas e da promiscuidade. The OC e Gossip Girl escancaravam tais cenários e traziam traições, relações e relacionamentos considerados tabus, entre adultos e adolescentes. Mas nenhuma série do “mainstream” foi tão longe quando Sex Education, que explicou a forma correta de se praticar relações homo, por exemplo, honrando o nome que batiza a série.  

Ousadias à parte, a série consegue dar um descanso para alguns personagens malhados na primeira temporada. Erick, que passa a ter uma função cômica muito mais agradável dado o sorriso fácil e encantador do ator, e isso ajuda a enfrentar a barra que o público encara com a deplorável passagem da inocente Aimes, em um momento que mostra que a civilidade vai muito além da discussão do feminismo e que, na verdade, deveria focar no respeito básico que parece perdido.

A cena impactante se passa ficticiamente na Inglaterra, mas facilmente ocorre em São Paulo todos os dias, no qual há situações de abuso e assédio em transportes públicos e a sociedade força as vítimas a achar que é algo normal. Não é, nem nunca vai ser. 

Informar, provocar e divertir ao mesmo tempo, é missão difícil que parece cada vez mais fazer parte dos desafios de um seriado de sucesso, e Sex Education parece tirar isso de letra. Eles sabem transitar entre os temas polêmicos com a força necessária, e quando não, com uma adorável leveza que adoça a adolescência. Ponto para uma direção corajosa dividida entre homens e mulheres de visão e verdadeiros educadores.