Ousado, sensível e maduro, Frozen 2 vai muito além do original

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O que fazer após atingir o ápice do sucesso com Frozen, que alcançou e extrapolou o sucesso de Rei Leão? Essa era a grande questão da Disney para saber o que fazer com a continuação de Frozen, que não por acaso demorou alguns anos para sair. 

Em Frozen 2, Arandelle está salva e feliz, e os personagens vivem bem. Até que forças ocultas fazem os protagonistas partirem em busca do passado e da verdade sobre sua própria história. O enredo parece adulto demais para um filme da Disney. E é mesmo. Se Frozen original era uma mistura perfeita, um casamento meio a meio entre a magia Disney e a sagacidade Pixar, Frozen 2 deixa claro que a Pixar voltou ao comando. Ainda bem. 

Todos os elementos estão presentes. Os personagens fofos (dessa vez tem um lagartinho meio, pronto para ser bichinho de pelúcia vendido aos milhares), os coadjuvantes, as músicas muito bem interpretadas por Idina Menzel (Elsa) e Jonathan Groff (Kristoff), às vezes lembrando momentos Glee, às vezes retomando o espírito original, o lindo desenho da animação, mais onírica do que nunca, e o bom humor conduzido por Olaf, de longe o melhor personagem da continuação e mais do que alívio cômico, o suporte necessário para um história densa e cheia de surpresas. Tudo envolto na mais bela cenografia.

Curiosamente, as teorias que apostavam em uma ligação entre Frozen e Enrolados perdem força diante de uma simbiose que conversa muito mais com Moana, para surpresa de uns e agrado de outros. Afinal, tratam de forças da natureza, mais do que eventuais conexões sociais. Bravo!  

Uma vez mais a Disney deixa claro que não é necessária uma mensagem feminista para dar poder às mulheres. Anna se mostra uma grande mulher e líder, e Elsa parte em busca de sí mesma (a mais nobre missão de todas), tendo elas o apoio de quem as ama, sendo que Kristoff não tenta aparecer de príncipe encantado (com direito à piada e tudo) mas sim de parceiro e igual, suporte para o outro amado. E tudo com o amor incondicional de Olaf. 

Não bastasse tudo isso, a Pixar usa o máximo de sua ousadia para tratar a mais dura passagem de todas, da maneira mais poética e gentil, mostrando que o rito final pode ser doce, puro e honrado, sem deixar de lado a perda e a dureza inevitáveis. Nunca a Disney foi tão longe. E nunca um desenho foi mais completo e humano.

Frozen 2 preserva a pureza das crianças que ainda não entendem certas coisas, e honra as crianças crescidas com a beleza do algo a mais, do eterno e do transcendental amor que nunca acaba, só muda de forma. Assim como a água.