A Última Coisa Que Ele Queria mais chama atenção do que empolga

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A Última Coisa que Ele Queria é um recente lançamento da Netflix que conta com atores de peso como Ben Affleck, Willam Dafoe e é protagonizado pela cada vez melhor Anne Hathaway. Anne é uma jornalista investigativa focada na America Central, e acaba sendo colocada na geladeira e forçada a seguir o comboio eleitoral nos Estados Unidos, até que seu pai, de envolvimento com pessoas obscuras, retorna à sua vida após o falecimento de sua mãe. Essa série de acontecimentos e seus desdobramentos é o mote principal do filme.  

O filme consegue ser atrativo mesmo sendo denso, como aliás filmes políticos e de jornalismo geralmente são. A narrativa entra em um certo grau de paranoia, seguindo o que acontece com a própria protagonista, que não sabe em quem confiar. A situação se agrava quando a vida pessoal se mistura com uma já caótica vida profissional e a protagonista se vê tomando escolhas no mínimo questionáveis.  

O ritmo é preciso, contudo a narrativa se perde em sí mesma em algum momento, ainda que pareça proposital, despistando o espectador senão da trama, mas ao menos do caminho a ser seguido, como se não houvesse decisão fácil. Outras interpretações remeterão à bagunça e ao caos que parecem emergir da direção e do roteiro baseado no livro homônimo. Dafoe é sempre um ator de mão cheia, e seu personagem confere um grau de honestidade a um malandro que sabe que não passa de escória e que vive à margem da sociedade.

Affleck demonstra intimidade com esse tipo de papel político, que já protagonizou tão bem em Argo (grande injustiça da academia), O Contador e A Soma de Todos os Medos. Em Última Coisa, Affleck mostra um viés hipnotizador e perigoso, como uma cobra, fazendo jus ao personagem. Já Anne, sempre entregue de corpo e alma ao papel, convence naquilo que o personagem precisa, deixando claro que o melhor do filme é, de longe seu casting e suas atuações.  

Obscuro em seu final, Última Coisa é aquele tipo de filme que conversa de forma mais intensa com os leitores do livro do que os espectadores do filme, e justamente por deixar o público em dúvida de algumas motivações, escolhas e do final em sí, acaba sendo um filme mediano que será esquecido sem maiores notas. Não que não seja um filme interessante.