Filme Contágio assusta pela veracidade diante do mundo real

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Steven Sordenbergh sempre foi um diretor de impacto. O que ele não poderia adivinhar, contudo, é que seu filme de 2011, Contágio, seria um resumo da situação vivida pelo mundo todo no início de 2020.

No longa, uma empresária (Gweneth Paltrow) que volta da China para os Estados Unidos, acaba manifestando sintomas similares a uma gripe forte, até chegar no ponto de desmaiar e ter convulsões na frente de seu marido, Matt Damon, que se revela imune à doença. É o início da pandemia que é explorada em Contágio. 

Contágio sabe explorar de forma extremamente didática como uma doença de grande contágio se espalha facilmente, e cruza barreiras sociais e geográficas de maneira simples, transformando um problema de China-Estados Unidos em um pesadelo do mundo inteiro. Especialmente uma doença com características comuns nos primeiros estágios. Tão boa quanto a didática é a demonstração da histeria coletiva que transforma a natureza das pessoas mais rapidamente que o Vírus. 

Em termos de performances e atuações, o filme sabe fazer bom uso de seu casting pra mostrar todos os lados dessa complexa equação: os militares/governo, jornalistas, a comunidade médica dos pesquisadores e dos médicos do front de batalha, os cidadãos histéricos virando zumbis, o drama dos infectados e o resto da população amedrontada, transformando o filme em um tipo de suspense social/drama social. 

Bela direção, cortes rápidos, atuação precisa e uma clareza muito grande sobre conceitos que somente agora começam a se transformar em reais, como isolamento social, fazem dessa uma das mais importantes obras de Sordenbergh: senão pela grande dramaturgia nela expressa, certamente pelas valiosas lições passadas a um mundo que achava que tudo aquilo seria invenção, e que vê, uma vez mais, a vida imitando a arte.