1917 entretém mas não inova, apesar de finalista ao Oscar

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 1917 é um daqueles filmes que chega do nada e arrebata muitos prêmios, se tornando assim alvo da curiosidade geral. O que parece nunca sair de moda para filmes de guerra, sempre prestigiados em festivais de cinema. 1917 conta a história de dois soldados britânicos que atravessam o campo de batalha na primeira guerra mundial após retirada das tropas alemãs para tentar impedir uma investida frustrada que seria uma armadilha.

Dirigido por Sam Mendes e com elenco principal não tão conhecido apesar dos fortes nomes no apoio, como Benedict Cumberbatch, Richard Madden e Colin Firth, a narrativa é fluída e simples, acompanhada de uma câmera intimista que parece trazer o público para a jornada, conseguindo ser mais natural e orgânica do que a filmagem de Soldado Ryan, por exemplo. Não à toa levou o Oscar de melhor fotografia e efeitos visuais, além de diversos globos de ouros e baftas. Esse elemento orgânico deixa o filme parecendo quase um documentário, o que combina com o estilo de filmagem de Mendes.

A trajetória dos soldados acaba sendo uma jornada do herói, como escrito por Campbell, tantas vezes encenada nos filmes de Hollywood. É interessante ver a corrida contra o relógio passando por áreas que parecem Oasis e outras que mais parecem saídas do Senhor do Anéis em meio à mordor – não à toa Tolkien lutou nessa mesma guerra e viu a mesma França devastada. Mas até aí é mais uma visão sobre uma história contada e recontada tantas outras vezes, sendo difícil enxergar a fascinação por trás dela.

Certamente se trata de um bom filme, mas sem inovar em muita coisa nem ter aquele fator “wow” que se espera de ganhadores de Oscar, tendo suas posições de melhor filme justificadas única e exclusivamente por conta do fetiche em premiar sempre filmes de guerra, o que gera ainda mais espanto pelo Oscar ter saído das mãos dos aliados e premiado um Sul Coreano.

Assim, 1917 entra naquela longa lista de filmes que fazem o homem médio se perguntar onde está seu grande valor e seu destaque, inclusive por seu final levemente incerto e abrupto. Recheado de alguns momentos interessantes, e sem nada que deponha contra, é um filme que merece ser visto, desde que sem muitas expectativas.