Ricos de Amor surpreende com leveza, originalidade e reflexões

PUBLICIDADE

Ricos de Amor é um filme que consegue sair da curva do óbvio. É uma comédia romântica brasileira. E logo vem à mente filmes como o Casamento de Romeu e Julieta, Lisbela e o prisioneiro e Meu Passado me Condena. Mas Ricos de Amor é algo além.

Dirigida por Bruno Garotti, paulista nascido e criado com formação pela USP, e que passou seu debut com filmes juvenis, Bruno chega à sua maturidade com a roteirização e direção de Ricos de Amor, filme no qual um jovem herdeiro do interior resolve se passar por pobre para conquistar a garota pelo qual se apaixonou.

Toda comédia romântica tem a estruturação da problemática no seu terço inicial, no qual o povo se apaixona pelo casal, a construção do obstáculo no segundo terço e a resolução no final, e Ricos parece desfiar isso. Durante o primeiro terço, o filme enquanto trabalha o casal também trabalha repercussões sociais das decisões, como se um arco narrativo paralelo se formasse. Não fosse suficiente, a narrativa romântica e a outra, mais profunda, acabam se envolvendo e interferindo uma à outra, o que certamente vai além da comédias românticas tradicionais.

Olhando para a produção, um filme que valoriza o melhor do Brasil: fotografias e tomadas maravilhosas do Rio de Janeiro ornadas por uma trilha sonora feita exclusivamente pelo DJ queridinho do Brasil, Alok, conseguem construir a atmosfera na qual as atuações de Giovana Lancelotti e Danilo Mesquista fazem dos dois um casal apaixonante. Atuações surpreendentes e convincentes da dupla, além de um casting que funciona em todos papeis.

Comédias românticas carregam em sua missão causar suspiros e risadas, então quando além disso se carrega uma reflexão e uma reviravolta, o efeito é de uma deliciosa surpresa. Ricos de Amor é leve, divertido, interessante, original e faz pensar. E além de um excelente programa, é um belo cartão de visitas para Bruno Garotti, que parece ter lido da cartilha Netflix para fazer não só o melhor filme brasileiro em muito tempo, como uma comédia romântica de primeira linha como há tempos não se via. Bela surpresa e alguém para ficar de olho. Bravo.