Velha Guarda mostra força dos quadrinhos nas telas além de Marvel e DC

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Adaptações cinematográficas de histórias em quadrinhos tem se tornado um recurso recorrente da indústria cinematográfica diante da ausência de bons roteiros originais, contudo a adaptação de Velha Guarda é certamente um caso próprio, visto que a história tem menos de 3 anos de seu lançamento para sua adaptação pela Netflix.

A história de Velha Guarda gira em torno de um grupo de guerreiros ancestrais que não pode morrer. Poder até pode, mas é muito difícil e só acontece depois de muito tempo, independente da forma que se morra. É como se o organismo se regenerasse independente de qualquer coisa, até que chega um ponto em que ele não consegue mais se regenerar. Porém, esse grupo de quatro guerreiros anda junto, travando algumas batalhas que entendem ser justas, às vezes vistos como vilões, às vezes vistos como heróis ao longo do tempo. 

Esse grupo de guerreiros é liderado por Andy, tão antiga que não se sabe a idade, sendo assim o filme protagonizado pela magnífica Charlize Theron. Charlize é um caso aparte, não existe papel raso para ela. Sem repetir a atuação, ela demonstra a mesma força que sua Imperatriz Furiosa, mostrando uma líder destemida, cansada pela existência, e que coloca na balança cada ato e cada decisão, com séculos de existência nas costas. Esse ceticismo é colocado em prova quando surge Nile, uma nova “imortal”, que vem contextualizar a longa existência de Andy, e acaba por influenciar na dinâmica do grupo secular, que tem um interessante casal formado por dois guerreiros que se conhecendo matando um ao outro diversas vezes seguidas como adversários mortais nas cruzadas. Ódio que virou amor inabalável. 

Sólido em sua premissa, Velha Guarda apresenta um roteiro muito bem amarrado, até porque conta com o criador da HQ como produtor e roteirista, mas tem na soma dos seus elementos cênicos sua grande fortaleza. Fotografia, trilha sonora e direção alinhada com ótimo elenco fazem o filme fluir com rapidez e intensidade para prender a atenção sem fazer com que a história se perca. 

Uma grata surpresa da quase desconhecida diretora Gina Prince-Bythewood, entregando uma história bem fechada em torno do primeiro ciclo das histórias em quadrinhos, deixando os fãs esperançosos pelo entusiasmo do criador, que já lançou mais duas histórias, o que reflete na última cena do filme e no mais que provável retorno da Velha Guarda.