Soul faz jus ao nome e retoma a alma da Pixar

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Existe uma teoria popular entre os fãs da Pixar que diz que todas suas animações fazem parte de um universo compartilhado, muito baseado na relação de Toy Story e suas crianças crescendo, bem como na relação entre Frozen e Enrolados. Teorias à parte, é quase impossível não enxergar Soul como uma continuação de Divertidamente, e não em seus personagens, mas sim em seus sentimentos e em sua alma.

Soul acompanha a busca de Joe Gardner (Jamie Foxx) em seu sonho de ser pianista profissional em uma banda de Jazz, enquanto vive sua vida adulta às custas de sua mãe, fazendo bico de professor de música. Até que tem sua chance de ser músico quando o destino intervém e ele se vê no grande além.

No grande além sua jornada se mostra ainda mais complicada, pois precisa desafiar a ordem natural das coisas para tentar viver (ou seria reviver?) seu grande sonho. E isso o coloca no caminho de 22 (Tina Fey), uma alma que nunca havia se sentido motivada para viver. Por acidente ambos acabam ‘caindo’ na Terra para seguirem seus caminhos de forma inusitada, o que deixa claro que o importante não é o final, mas, sim, o caminho que é feito e como se aproveita ele.

Peter Docter dirige e roteiriza a animação, o que explica muita coisa. Peter é responsável pelas melhores, mais bem sucedidas e mais sensíveis animações, como os primeiros Toy Story, Divertidamente e UP – que tem a melhor abertura de todas as animações da história.

Sua sensibilidade aflorada encontra respaldo na versatilidade e qualidade da atuação de Foxx e Fey, tudo mergulhado no clima do Jazz, o que remonta ao romantismo que o gênero musical evoca e que foi trazido de volta por La La Land, que junto com o clássico de Robin Willians, Amor Além da Vida, parecem dar a tônica e o ambiente de Soul, que embora se passe em Nova Iorque tem toda a atmosfera de Nova Orleans, tamanha a qualidade da caracterização.

Talvez perder o Oscar para Homem Aranha tenha sido uma coisa boa para a Pixar, que voltou para a mesa de esboços, e depois de entregar o competente e agradável Dois Irmãos, volta a brilhar com Soul. A animação resgata a alma e o DNA da Pixar antes de sua fase Disney, e volta a conversar com diversos públicos.

Para os pequenos, uma singela e, ainda assim, excelente introdução à morte e à vida. Aos crescidos, uma verdadeira aula na diferença entre missão e propósito, e a todos uma linda animação que vale ser assistida, especialmente no início de um novo ano, quando todos reavaliam sua busca, seu caminho, seu propósito e sua missão, e por que não, sua alma?