Shazam não passa de sessão da tarde melhorada

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A DC tem tentado desesperadamente seguir o sucesso da Marvel em seu projeto cinematográfico, às vezes copiando, às vezes tentando inovar. Shazam foi uma dessas situações. A história do herói adolescente que recebe dons mágicos e passa a ter poder comparável ao Superman é trazido às telas em uma aventura absolutamente infantil – não chega nem a juvenil. 

Billy Batson, jovem abandonado que procura desesperadamente sua mãe, acaba adotado por uma família, e entre suas dificuldades de adaptação acaba convocado por um mago, na interpretação mais medíocre da carreira de Djmoun Hassoun, e acaba herdando os poderes dos magos supremos, poderes esses que são ativados quando o mesmo pronuncia o nome heroico que é um acrônimo para seus dons: a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio. A mistureba de referências mitológicas, religiosas e históricas, ainda que seja fiel ao gibi, é um prenúncio do que está por vir.

Obviamente, nenhum poder é incontestável, e aqui o inimigo é um antigo candidato do cargo de Shazam, o Dr. Silvana. O filme não poderia ser mais maniqueísta do que isso, estragando também Mark Strong, outro ótimo ator subaproveitado. Se na Marvel, houve uma preocupação com os uniformes, deixando eles o menos ridículo possível, parece que em Shazam a DC adota a estratégia oposta, fazendo tudo da maneira mais circense. O enredo, raso e sem nenhuma surpresa, consegue seu melhor momento quando resolve imitar Quero Ser Grande, no qual o jovem Billy, transformado no robusto e abobalhado herói, resolve se valer da maioridade e fica testando o que pode fazer. O jovem ator que interpreta Billy Batson mostra pontecial, contudo, de ser um bom ator, e até consegue ser mais convincente que sua versão adulta.

Desnecessário, Shazam beira o limite da perda de tempo, e é risível, não em seus momentos cômicos, mas em suas patéticas tentativas de tentar se conectar com o universo DC, com menções soltas e pseudo-aparições. Essa, aliás, é a única mostra do poder do filme: ter conseguido abalar o relacionamento de Henry Cavill, um dos poucos acertos de casting junto com Aquaman e Mulher Maravilha, com a DC, que certamente carece da sabedoria de Salomão, ou pelo menos do bom senso de Kevin Feige, para saber o que fazer com seu universo cinematográfico: melhor aproveitar seus acertos nos seriados, anos-luz à frente.