Precisamos falar sobre Liga da Justiça: Snyder´s Cut

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A história das filmagens de Liga da Justiça tem um fundo triste. Zack Snyder, que havia ganhado fama adaptando Graphic Novels como Watchmen e 300, foi incumbido desse projeto ousado que devia bater de frente com os Vingadores nos cinemas, tentando tirar o atraso de 10 anos de construção do Universo Marvel. As filmagens estavam no meio quando sua filha, Autum, tira a própria vida e ele se afasta do projeto, dando lugar à Joss Whedon, aquele mesmo, de vingadores um.

O que aconteceu foi público e notório. Filme chato, críticas ruins, bilheterias abaixo do assinado. E um culpado quase unânime: Joss Stone, que depois revelaram ser grosso com os atores, diminuía a Mulher Maravilha, chamava ela de Viúva Negra, e por aí vai. E o que os executivos da Warner fizeram? Destinaram algo entre 70 e 300 milhões de dólares para que o filme fosse refeito. Só para se ter uma idéia, em termos de orçamento, Vingadores Ultimato, custou 351 milhões e rendeu mais de 2 bilhões em bilheteria. E na crise dos cinemas mundiais, lançaram em streaming por 50 reais. E o resultado?

Bom, novos personagens, novos visuais, novos vilões, novas tramas e novas horas. Sim, horas. De 2 horas e alguma coisa para 4 horas e meia. Sim, 4 horas e meia. Nem versão estendida de Senhor dos Anéis demora tanto. Misericórdia. Vá lá que prevendo essa reação, separaram em alguns capítulos bem delimitados, para ser exibido na HBO MAX como uma série limitada. Como no Brasil não teve disso, tanto faz como tanto fez.

Assim, impossível falar do Snyder Cut sem falar das novidade. Foi bacana ter o Darkseid como vilão? Foi. Precisava ter a cara do Thanos e uma cópia da invasão de Nova York? Não. Precisava do Desaad? Não mesmo. Por outro lado, o uniforme preto do Superman, golaço. Conversa com o Funeral para um Amigo, especialmente agora que tiraram aquele CGI de bigode tosco que o Cavill usou para Missão Impossível 6. Ótimo ter uma história de origem do Cyborg, mas não precisava taaaaaaaaanto. Foi demais. Contextualizou e cansou, em iguais doses. Ajax, o caçador de marte? Disputa o prêmio de aparição mais desnecessária ao lado de Desaad e do Coringa do Jared Leto amiguinho do Batman. Poxa, queria colocar Injustiça: Deuses entre Nós? Legal, mas põe direito, Superman arrancando o coração do palhaço e toda a carga dramática e horror geral da nação. Poderes extras e protagonismo do Flash, o bobo velocista? Esse não representa. Era pra ser alívio cômico, virou elemento trágico na sua pobre tentativa de imitação dos trejeitos do Homem Aranha. Errou, errou feio, errou rude.

Veredito Final? Tem que se levar em consideração a experiência do usuário. A romantizada que deram na versão do autor versos a liga da JOSStiça gerou um hype e um frenesi, que logo viraram decepção. Os DCnautas, cansados de tanta surra da Marvel, inundaram o rotten tomatoes para dar impressão de sucesso, mas quando o público normal foi assistir, ficou aquela coisa indigesta do tipo: pera, isso tava ai? Eu vi algo diferente ou sonhei? Como se fosse um deja vú, diferente de uma versão estendida, diferente de um novo filme, nem lá nem cá. Somente uma vergonha passada no cartão de débito e menos 5 horas de vida. Claramente a DC não aprende a fazer filme. As vezes, é melhor deixar o romance no ar.