O Pequeno Príncipe é um gentil convite para os adultos relembrarem suas crianças

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O Pequeno Príncipe é uma história que embalou a juventude de gerações a fio, desde a década de 40 quando foi escrito por Atoine de Saint Exupery. Em uma época que não haviam os filmes da Pixar para conversar com adultos e crianças ao mesmo tempo, Saint Exupery foi pioneiro ao escrever um leve conto que entretinha e fazia sonhar os jovens enquanto também tocava o coração e alma dos adultos.

O conto singelo traz a história de um princepezinho que morava em um asteroide e amava uma rosa, mas que por desavenças resolve viajar o mundo, e acaba cruzando o universo encontrando figuras extremamente simbólicas como o Contador, O Rei, A Serpente, A Raposa e em especial A Rosa. Essa história é narrada pelo aviador, contando sua vida. Uma história muito curta e de tradição claramente oral para ser contada tal qual concebida.

Mark Osbourne, diretor de Pequeno Panda, acertou ao fazer a transposição para os tempos modernos, em outra roupagem em sua obra cinematográfica de 2015. Algumas obras são recriadas, outras adaptadas, e talvez a melhor forma de falar sobre a animação de Pequeno Príncipe seja interpretada.

Curiosamente, pode-se traçar alguns paralelos entre a vida e obra de Exupery e de Tolkien. Se o primeiro teve a obra máxima adaptada para uma animação de forma diferente da concebida, o segundo teve O Hobbit elevado, enriquecido e elevado à prequel de Senhor dos Anéis. Da mesma forma, tanto Antoine como J.R.R lutavam nas grandes guerras e por elas foram afetados, se Tolkien perdeu sua sociedade do anel para a guerra, Exupery nunca voltou dela, sendo o aviador que nunca mais voltou.

A riqueza da obra francesa foi enaltecida pelos atores que participaram da adaptação da Netflix. Jeff Bridges, Benício Del Toro, Rachel McAdams, Mackenzie Foi, Ricky Gervais, James Franco, Paul Rudd, Marion Cottilard dão vida e peso a cada um dos personagens e mostram quão universal e atemporal é o conto.

Um dos grandes acréscimos de Mark Osborne é justamente o trabalho visual feito, separando o que seria a animação clássica, computadorizada, com a narrativa do príncipe, essa trazida à vida através de um poético e sutil trabalho de papel machê, a escolha ideal para o lirismo que reverbera das viagens do Pequeno Príncipe.

Um deleite visual e um afago na alma, O Pequeno Príncipe é uma delicada e necessária interpretação da eterna obra, suficiente para relembrar a infância e convidar os adultos a se encontrarem no espelho e descobrir quão bem se saíram. Bravo.