A Casa de Papel encontra sua maioridade na terceira temporada

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A Casa de Papel, como todo seriado que foge ao óbvio, padecia de um problema sério: a necessidade de explicar, contextualizar e dimensionar seus personagens e seu universo. Para funcionar uma ideia mirabolante, era necessário explicar relações, histórias, acontecimentos. Mas a sorte é que tudo isso ficou para trás.

Estruturado de uma forma pouco usual, na qual a primeira e a segunda temporada se completam finalizando uma parte da história, a terceira temporada funciona da mesma forma, com a continuação mas em um novo ciclo narrativo, que somente será completado na quarta temporada. 

Conhecidos os personagens principais, novos integrantes são adicionados ao grupo, adotado novos e curiosos nomes de cidades – um argentino chamado Palermo, uma espanhola chamada Lisboa, velha conhecida do público e a melhor de todas, uma antiga refém chamada de Estocolmo, clara referência à síndrome psicológica. Nessa temporada, mais do que nas anteriores, o grupo de assaltantes realmente parece formar uma grande e disfuncional família, e todos respondem ao chamado quando um deles se vê em problemas, sendo sacados de seus paraísos particulares, de uma forma engenhosamente articulada pelo Professor, como não poderia de ser.  

Só que a série entrega mais que saudosismo plastificado. Engrandecida por um ritmo narrativo forte e incessante, a terceira parte de Casa de Papel consegue, indo e voltando no tempo, achar o equilíbrio perfeito entre a ação, o planejamento de um novo golpe e a exploração dos relacionamentos, novos e antigos, sem ser piegas e ainda assim achando um espaço para trazer de volta o espetacular Berlin, amado por uns, odiado por outros. Golaço.   

Belas atuações, uma trilha sonora renovada que ainda brinca com o sucesso Bella Ciao, e uma narrativa eletrizante que encontra o momento certo para a apreensão, a comédia (impagável a piada com o coaching), o suspense e a ação, achando espaço para pitadas de sensualidade, a Casa de Papel que todos achavam que já tinha dado o que tinha que dar, se prova melhor do que era, atual e moderna (o momento V de Vingança é espetacular), e demonstra fôlego e vitalidade, ao menos para essa terceira e para a quarta parte, já em gravação. Só resta algo a dizer: bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao. E como os reféns da casa da moeda, os expectadores estão rendidos esperando o desfecho desse improvável sucesso.